Até (a)o lavar dos cestos(,) é vindima...
Ainda o mês é Setembro
A pender para o Outubro,
Ainda o tempo diz
tudo
E decide o maturar
Das uvas que sempre lembro
Moerem-se para o
lagar.
O relevo, ainda moço,
Curva o dorso derreado
Com as uvas
que, por fado,
São sangue do nosso vinho,
Da nossa carne, pão
nosso,
Que se reparte ao vizinho...
Ainda as cores são de
sempre,
Extraídas a um Outono
A esvair-se em abono
No milagre já
cumprido,
Ciclo que promete ao ventre
O repouso merecido.
'Inda
tudo é tão igual,
E porém tão diferente,
Não é como antigamente
Quando
em alegres fileiras
Se assobiava o sinal
De carregar as
canseiras.
Às costas de homens nobres,
Fartos cestos
escorriam
Mosto e suor que sabiam
O real valor do ouro:
Nunca a vida
chamou pobres
Aos cultores do Alto Douro!