segunda-feira, 10 de maio de 2010

"Dois-a-fio"

"No tempo do cerejo, vem meu beijo!..."


"Do cerejo ao castanho, bem me amanho, do castanho ao cerejo, mal me eu vejo!", já se dizia na minha terra...


Não olhes pra mim assim,
Que o meu rosto se acereja,
E pra que falem de mim,
Basta que pouco se veja!

Se o calor do meu olhar
Te amadurece o afecto,
Que mal há em mordiscar
O meu fruto predilecto!?...

Pardais, por aí há tantos,
Tem cuidado, vê lá bem,
Se por minha arte' encantos
Te tornas pardal também!

A ser, que fosse matreiro
E te pousasse no colo,
Do teu corpo cerejeiro
Roubasse fruta e consolo...

Ai rapaz, tu tem-me tento!
Não percebes meu aviso?
Há caçadores sempre atentos
A pardais sem bom juízo!

Por ti, cerdeira madura,
Arrisco até minhas penas,
Pois são de paixão segura
As cerejas que me acenas!...


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