sexta-feira, 21 de maio de 2010

TROVAS DA TERRA

Lavei um dia no Douro
Os lençóis de linho e rendas
Onde dorme o meu amor
Entre beijos e oferendas.

Mas o rio fez-se ciúme
Ao perceber o feitiço
Que restava em vestígios
De tão doce compromisso...

Mirou-me e molhou o olhar
Com lágrimas de pura dor,
Beijou-me as mãos e rogou-me
Para ser só seu amor.

Eu ri de tal pretensão,
Afaguei-lhe a inquietude,
Mas fui secar meu lençol
Pra longe do seu açude.

Ele, rio d' amores e mágoas,
Fez-se em ouro, sol e céu
E em oblação singular,
Converteu-se em colar meu!



(Romance triangular - Homem, Terra, Rio...)

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