sexta-feira, 4 de junho de 2010

ARA-DOURO


Quem sabe a água que o meu rio-chora
Em vapores evolados e invisíveis?
Quem sabe quantas lágrimas tangíveis
Se libertam da terra amor-talhada
E condensam nos rostos que a laboram?...

Sei lá se o meu olhar inda erra-belo,
Sei lá se neste porto o ouro ancora,
Só sei que amor assim é sempre e agora,
Qu'esta terra já de si deu a mó-nada,
O grão, o sustento, e da pele, o velo...

Quem sabe até quando me é abriga-douro
O berço que me ornaram de veludo,
Onde cresço, sem espada e sem escudo,
Onde morro, a cada nova enxada-da
Escrita que lavro como tesouro...

E enterro, na eterna fé do D'ouro....

Sem comentários:

Enviar um comentário